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Por quê as mulheres brasileiras não servem para governar?

Atualizado: 8 de fev. de 2022

A declaração do ex-presidente dos Estados Unidos Barak Obama nesta semana causou algum mal estar dentre a população masculina do Brasil, ao declarar em um evento em Singapura: Mulheres, vocês não são perfeitas, mas eu posso dizer indiscutivelmente que são melhores do que nós (homens)”. “Se as mulheres liderassem as nações do mundo, teríamos avanços em todos os campos”, continuou o ex-presidente. Nos sites que replicaram a notícia no Brasil, houve um grande desconforto e uma infinidade de comentários machistas logo surgiram – muitos deles apelando ao desempenho da primeira mulher presidente do país, Dilma Rousseff.

Infelizmente, os discursos de ódio e preconceito andam ganhando espaço, seguindo os exemplos que vêm “de cima”. Dá a impressão que cada um destes comentaristas tenha nascido de chocadeiras, e que suas companheiras, mães e irmãs sejam absolutas mentecaptas.


Se a própria ex-presidente Dilma Rousseff não tivesse engrossado a voz, apresentando-se de forma tremendamente assexuada, jamais teria ganhado uma eleição. E embora a população feminina no Brasil seja majoritária (com 51% da população brasileira), a proporção de mulheres em cargos políticos é absurdamente baixa. Segundo o Inter-Parliamentary Union, o Brasil é um dos piores países em termos de representatividade política feminina, ocupando o terceiro lugar na América Latina em menor representação parlamentar de mulheres. No ranking, a nossa taxa é de aproximadamente 10 pontos percentuais a menos que a média global e está praticamente estabilizada desde a década de 1940. Isso indica que além de estarmos atrás de muitos países em relação à representatividade feminina, poucos avanços têm se apresentado nas últimas décadas.


Na contramão…


Sanna Marin – Fonte: SudiataPost
Sanna Marin – Fonte: SudiataPost

Enquanto os brasileiros se ocupam em desqualificar a capacidade das mulheres na política, a Finlândia acaba de formar uma coalizão governamental de cinco partidos, todos eles encabeçados por mulheres. Sanna Marin, escolhida pelo Partido Social Democrático é a mais jovem primeira ministra do mundo, com seus 34 anos de idade. Seu predecessor, Alexander Stubb, viu esta mudança como um sinal que “mostra que a Finlândia é um país moderno e progressista”. Em termos políticos, 42% dos membros do Parlamento são mulheres, uma porcentagem superada por apenas oito países.


O relatório Global Gender Gap (“Diferenças globais entre gêneros”) classificou a Finlândia como o segundo país mais igualitário do mundo em 2016. A revista britânica The Economist classificou o país como o terceiro melhor país do mundo para ser uma mãe que trabalha fora. Este é o único lugar do mundo desenvolvido onde os homens passam mais tempo com seus filhos em idade escolar do que as mães, de acordo com um relatório recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Eles têm direito a nove semanas de licença-paternidade e durante esse período recebem 70% do salário. A Finlândia é um dos países que têm os melhores resultados em seu programa de educação, além de contar com uma economia de mercado livre altamente industrializada, com produção per capta maior que a do Reino Unido, França, Alemanha e Itália. A cereja do bolo é que a Finlândia é um dos países menos corruptos do mundo.


Exemplos como o da Finlândia deveriam ser observados com mais atenção. Se o Brasil permanecer com esta mesma mentalidade medievalesca que temos observado nestes tempos, com ideia de que a genitália masculina traga alguma vantagem ao país, permaneceremos na promessa eterna de um futuro próspero que nunca chegará.


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