Imbolc: o cio da terra

O Sabbat de Imbolc – ou Candlemas – anuncia o vindouro fim do inverno e dá indícios de que a primavera vai começar em breve. Os dias começam a ficar mais longos, a vegetação começa a florescer e os animais começam a entrar em lactação. Tudo isso eu aprendi com a Pri Martinelli! Entretanto, tem uma música que me remete muito à essa celebração da estação da semeadura: O Cio da Terra, de Chico Buarque e Milton Nascimento. 

São apenas três estrofes de 4 versos cada, com o lirismo primoroso característico dos dois compositores e um conteúdo quase erótico. Os falsetes do Milton contrastando perfeitamente com o timbre quase monotônico do Chico. Lindo demais!

Imbolc é o cio da Terra!

Aconselho vocês a dar o play aí em cima e acompanhar a letra, que eu vou colar aqui embaixo, para tirar as suas próprias conclusões. (Spoiler: Imbolc é o cio da terra).

Debulhar o trigo Recolher cada bago do trigo Forjar no trigo o milagre do pão E se fartar de pão Decepar a cana Recolher a garapa da cana Roubar da cana a doçura do mel Se lambuzar de mel Afagar a terra Conhecer os desejos da terra Cio da terra, a propícia estação E fecundar o chão

Essa última estrofe, é o climax – em todos os sentidos! Equilibra o erotismo e a sensibilidade, transborda a poesia.

Quem preferir ouvir a canção em um estilo mais rural, para entrar ainda mais no clima da Roda do Ano, enquanto um rito de origem agrícola, pode ouvir também a versão de Pena Branca e Xavantinho, disponível no Spotify.

No Hemisfério Sul

Aqui no hemisfério sul, celebramos o Imbolc em agosto. Na Umbanda, é o mês em que os terreiros costumam celebrar Obaluayê, mais conhecido como o orixá da cura e da peste. No entanto, ele também é conhecido como o “Senhor da Terra”, regente de todas as coisas que estão no solo, das pedras preciosas e – pela lógica – das sementes, também. Portanto, também pode ter relação com a semeadura.

Mais música

Que outras músicas te remetem a Imbolc? Conta pra gente aqui nos comentários! Quem sabe a gente não monta uma playlist coletiva para a celebração do ritual.

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Sobre o autor

Kuca Moraes é fotógrafo, estrategista de marketing digital e aprendiz de feiticeiro.