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Comunicação Não Violenta: Um novo modo de se conectar

Quando falamos sobre Comunicação Não Violenta, ou CNV, o que geralmente vem à mente das pessoas é algo relacionado sobre a necessidade de sermos mais “zen”, ou até mesmo uma filosofia sobre viver uma vida sem discussões, conflitos ou até mesmo sem nossos pequenos “surtos” de raiva, medo ou agressividade. Mas isso está longe da realidade. Buscar uma comunicação menos violenta é um caminho diário, assim como uma coreografia que precisa ser praticada para que os passos fiquem mais bonitos, sincrônicos, ritmados e que expressem corretamente as emoções que o espetáculo busca transmitir. Tudo isso precisa ser vivenciado todos os dias, para ser natural e internalizado. E o mais importante: precisa fazer sentido.

Quando você busca uma mudança de comportamento ou hábito é necessário analisar se isso se conecta com a sua realidade, com seus valores e como isso pode impactar a sua vida. Isso é uma decisão diária. Isso é uma análise diária. Assim como uma dançarina busca na dança a realização de suas necessidades, aderir a uma filosofia de vida como a comunicação não violenta requer o mesmo.


Viver uma vida em que a comunicação e ações sejam menos agressivas não significava ser omisso, falar “sim” para tudo ou mostrar que sempre está bem. A CNV nos mostra que somos responsáveis pelo o que falamos, não podemos esquecer que as demais pessoas carregam suas próprias opiniões e maneiras de interpretar aquilo que estamos dizendo. Essa visão particular de cada um é construída através de experiencias pessoais. Não podemos lidar com essa imprevisibilidade. O que podemos fazer é buscar nos conectar melhor com a pessoa a quem nos dirigimos, o que não quer dizer que precisamos ferir a nós mesmos no processo.


O método de Comunicação Não Violenta não visa tornar nosso modo de comunicação robótico ou mecanizado. Pelo contrário, ele busca fazer com que nossa fala seja mais natural e consciente. A princípio vamos aprendendo a lidar com as nossas necessidades não atendidas e perceber os nossos sentimentos, sendo menos violento com nós mesmos, para que cada um possa ouvir melhor a si, se entendendo e compreendendo suas próprias emoções. Quando menos esperamos ou percebermos estaremos nos conectando aos sentimentos e necessidades das pessoas ao nosso redor.


Ou seja, não é questão de aceitar tudo que nos trazem ou deixar de falar algo. Mas sim, como dançamos essa melodia. É tomar consciência do que o outro causa em nós. Quando percebemos isso, passamos a ouvir mais, colocando orelhas empáticas, para que não julgamento sem necessidade, escutando com mais atenção. Muitas vezes achamos que tudo que o outro fala nos atinge, tudo é “pessoal”. Mas nem sempre é assim. Aliás, a menor parte das vezes é assim.


Muitas vezes a dor do outro ativa nossas próprias feridas internas, afeta nossos valores mais enraizados. Isso acontece numa simples palavra, na mudança do tom de voz, ou num gesto diferente. Estas atitudes geralmente nos provocam rompantes emocionais de raiva, ou mesmo de alegria. Isso é um reflexo subconsciente de nossas necessidades sendo atendidas, ou não sendo. Perceber isso é a chave para nos entendermos melhor, e nos comunicarmos de maneira mais eficiente. Precisamos de ferramentas para lidar com os conflitos externos e internos. Uma ferramenta importante é a respiração. Ela nos traz para o estado mais presente – que discutimos neste texto e neste.


Assim como a coreografia de um espetáculo requer treino, escolher ter uma comunicação não violenta também necessita de engajamento e prática. Isso de modo algum significa que você vai conseguir se conectar a todas as pessoas em todos os conflitos que surgirem, nem mesmo que irá evitar os conflitos. E tudo bem. Não tem problema algum. Lembre-se que é uma prática diária. A violência está tão enraizada em nós, em nossa cultura e no mundo que nos cerca que se tornou algo natural para nós. Nós não fomos ensinados a sentar e conversar para resolver nossos problemas de maneira pacifica. Mas sim, a negar o que sentimos, esperando que o outro atenda nossas necessidades, sem ao menos comunicarmos de maneira efetiva o que esperamos dele. Disso incorre todo o problema de nossa comunicação atual. Temos dificuldade em nos expressar. Nossa fala é desconectada, porque esperamos que as pessoas adivinhem o que precisamos e sentimos. E por mais, que vivamos na mesma casa, interpretamos e vemos o mundo de maneira diferente, cada um tendo suas próprias necessidades e pedidos internos.


A Comunicação Não Violenta é uma ferramenta de conexão e autoconhecimento, ela nos ajuda a ter consciência sobre a forma que nos comunicamos e expressamos nossas necessidades e sentimentos. Isso nos permite lidar com as pessoas de maneira mais empática e compassiva, inspirando novas maneiras de se relacionar.

Imagem: Pixabay

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