Só por hoje eu não vou gritar meu amargor.
Por uma mísera noite, eu vou esquecer o que significa sentir dor.
Vou me preencher de amor,Lembrar do sabor, odor, sentir o calor.
Da minha pele encostando na sua.
De não ter vergonha de expor a minha verdade, nua e crua.
Vou esquecer dos complexos ritos de magia,
Vou me atentar somente à sabática euforia.
De ser tocado, amado, afagado, beijado.
Pelo próprio Diabo.
Vou deixar a lua e suas fases,
Vou esquecer de toda politicagem,
E me lambuzar,
De uma sinfônica ladainha
O auspício dado, em pessoa, pela grande Rainha.
Só por hoje eu não quero ser ninguém.
Quero correr livre sob a luz do sol ou da lua.
Em matas frescas ou sob o asfalto da rua.
Iguais ao meu lado ou sozinho também,
O importante é estar preenchido de si, meu bem.
E já não farei disso um problema,
Resolvi anos atrás esse dilema.
Hoje, eu estou à procura de outras cenas.
E não me interessa mais se a razão é minha ou sua.
Não quero papo de bruxos, tampouco conversas ocultas.
Me conte sobre seus risos e sorrisos.
Sobre suas andanças, mudanças e esperanças.
Eu vou olhar através de tudo o que não cabe mais.
Vou parar frente a um cais.
Vou me afundar,
Dentro de mim mesmo, transbordando todo e qualquer sentimento.
Hoje eu vou navegar dentro de mim,
Vou me apropriar de que eu sou assim.
Só por hoje eu quero ler um livro diferente,
Tomar um chá quente e assistir
Divertidamente.
Eu vou entoar outro encantamento,
Mergulhar em outro ensinamento,
E me entreter com outro circo.
Então, se você me pedir, essa noite eu fico.
Imagem: pixabay
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