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Foto do escritorEduardo Regis

Roupa Sempre Nova

Fiz uma cagada. A cagada vai entrar pela boca da serpente e sair pelo rabo, entrando na boca de novo e assim ficará nesse vai e vem sem prazo pra acabar. Maldito Ouroboros. Nó infinito que não desata.

Tudo se repete o tempo todo pelo infinito e eu fico pensando se eu já pensei isso antes ou se tô pensando isso sempre. 

Vai ver é tudo a mesma coisa. Pensar não deve servir pra nada se a gente nunca chega a lugar nenhum. Ou melhor, se a gente sempre para no mesmo lugar.

Já deu. Melhor acabar com tudo. Droga. Se eu meter uma bala na minha cabeça agora, além da bala ficar entrando por toda a eternidade no meu crânio ao som de bilhões de tambores desritmados retumbando, ainda vou ficar com minha cagada e meu suicídio. Muita bagagem para arrastar pela merda do tempo infindável.

Eu podia era arranjar alguém pra foder comigo. Isso sim. Se eu fodesse com alguém agora eu entraria numa transa xamânica supraexistencial que lançaria minha consciência junto do gozo ao espaço além de tudo onde eu encontraria Deus discotecando no aniversário de Miguel Arcanjo. Deus, o maior DJ do Universo. Tudo que ele toca é divino. Grande slogan. Aposto que ele estaria tocando “Whisky à go-go”.

Mas eu fiz mesmo foi uma bela duma cagada e parece que só coisa ruim que entra nesse circuito aí incessante. Quando a gente ganha ou um elogio ou um beijo bacana, parece que a serpente ignora. Agora, sofrimento é com ela. Isso que dá botarem uma cobra no infinito. Devia ser ou um panda acrobático ou então um furão. Qualquer bicho sem veneno, na verdade.

Pensando bem, acho que posso encantar essa serpente com minha flauta doce e meu turbante do bloco de carnaval. Talvez consiga jogar pra dentro dela uma transa xamânica daquelas e ficar gozando pela eternidade. Agora, olhando bem, a serpente me parece familiar. Essas escamas, essas curvas…já vi isso em algum lugar. Vixi. Tá acontecendo de novo. Eu tô vendo o Ouroboros pela primeira vez ao longo de todo o tempo e a todo o instante. Agora eu que tô hipnotizado. Ontem também estava. Amanhã, continuarei. E cagado. Sempre cagado.

Acho que só resta apelar. Que nem no fliperama. Tinha hora que só apertando todos os botões ao mesmo tempo e girando o direcional até quase quebrar. Aí saia uma magia doida. Talvez se eu pedir ajuda a Deus, consiga escapar dessa. Tipo um fatality secreto pra acabar de vez com essa cobra enroscada desgraçada.


Deus, fiz uma cagada e depois outra. Tô preso nas duas pra sempre que nem um rola-bosta imortal. Dá uma moral”.


Opa! Uma luz. Aquela coisa transcendental que a gente não sabe o que é, mas se brilha deve ser bom. Melhor seguir. Quem segue a luz bem se dá, a escuridão só sofrimento traz (YODA, MESTRE, 1970 e qualquer coisa). E eu tô ouvindo algo. Peraí…tô vendo umas coisas também. Um estrobo… Máquina de fumaça…open bar?


Ah, não.


“Foi numa festa, gelo e Cuba libre…”


Não tem jeito. A serpente sempre vence. Só me resta ir dar um beijo no aniversariante.


Uma bitoca eterna, infindável e sempre estalante.

Créditos da imagem: Pixabay

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