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Pepino do Mar

Foto do escritor: Eduardo RegisEduardo Regis

Pepino do mar é uma coisa estranha. Honestamente, muito estranha. Não sei se é bicho ou pepino. Sei que é do mar. Pensando nele, notei que até esse pepino tem alguma identidade. Deu-me tristeza lembrar que não sou pepino e nem do mar.


Pepinos tenho muitos, parentes dos abacaxis. Aí se forem do mar, devem morar com o Bob Esponja, lá na Fenda do biquíni. Pepino pessoalmente, só sei do Di Capri, que por um P a menos não foi legume e por um O a menos não foi galã.


Sou bicho? Predador? Parasita? Sou planta ou então cogumelo? Queria ser um daqueles que se come pra ver as estrelas de perto, mas se me comessem, talvez só fosse difícil de engolir minha carne contaminada por minha mente rançosa.


O pepino do mar não é majestoso. Na verdade, é feio que dói. É mole e parece uma bosta que um cãozinho largou na maldade pra gente sujar os pés enquanto caminha na areia. O pôr-do-sol coroado por uma bela massa de pepino entre os dedos.


Não sou fácil de esmagar assim. Entretanto, não preciso de pé algum, me esmago sozinho. Venho fazendo esse esforço desde que nasci e sou bom nisso. Tão bom que estou pensando em virar coach de “self-esmagation” e lançar o programa “Sea pepination”.


Numa pepinada marítima final, ando pensando em fazer que nem esses adoráveis e detestáveis seres e apenas ser o que nasci pra ser. Esmagar de vez o eu que não é pepino e lançá-lo ao mar na esperança de Iemanjá pegar pra dar sumiço. Rezar pra Santo Heitor de Saragoça, padroeiro dos pepinos, pra que eu seja apenas isso, um ser que sabe ser ele mesmo e capaz de sorrir só por ser do mar ou só por ser pepino.


Aí posso me descobrir finalmente uma alface das montanhas ou quem sabe um Eduardo Regis que é cheio de coisas esquisitas, cheio de erros e de deslealdades, mas também repleto de amor e de honestidade. Seria tão bom poder ficar parado no mundo curtindo ser eu. Sem culpa ou vergonha. Apenas no “self-esmagation” do “my very own sea-pepination”.


Vejo vocês na salada Chinesa com pepinos do mar e rabanete. Pois, no fim, pepinar-se é preciso. E pepinos, do mar ou da terra, sempre acabam no prato de alguém. Nem que seja no seu próprio. Numa pepinofagia que resultará em algo novo do mar, que pode ser você mesmo ou algo totalmente diferente.


Habemus Pepinus do mar! Ave Pepinus!

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