O altar dos incensos do templo de Salomão. O holocausto. O incenso de vareta que a gente compra na banca de jornal. O cigarro e o cachimbo. As fumigações. Não há tradição espiritual ou mágica que não tenha um pezinho nos fumos. O uso de incensos em si, provavelmente, começou na China, mas sabemos que os antigos Egípcios, Babilônios e os Hindus também o usavam. Enfim, se Raul cantou que a “chuva voltando pra terra traz coisas do ar”, poderíamos bem dizer que os fumos levam coisas da terra para o ar, sendo então, a contraparte das águas que caem.
N.A. Molina em seu precioso livro “Feitiços de um preto velho quimbandeiro” diz que existem defumações para tudo que é coisa e que uma que sirva para uma finalidade, obviamente não servirá para outra. Parece óbvio, mas é bom dizer, pegando carona em Molina, que os fumos serão imbuídos das qualidades do que se queima.
Assim, aquele que conhecer as propriedades das ervas e de demais elementos inflamáveis (aqui podemos incluir até mesmo elementos animais e minerais) poderá criar defumações e incensos para todas as situações que desejar, sem ficar preso a um “livro de receitas”.
Então é só sair queimando qualquer coisa?
Entretanto, não quero com isso dizer que a experiência pregressa e os ensinamentos das tradições devam ser ignorados em favor de um experimentalismo cego. Reinventar a roda nem sempre é a solução, mas se adaptar e se “virar” com o que temos em mão, essas sim são habilidades essenciais de alguém que esteja procurando se firmar nessa seara espiritual e/ou mágica.
Para isso não há solução – é preciso estudar e ter vivência. No caso dos fumos, aconselho fortemente a leitura dos tomos nos quais estão descritas as fórmulas e as correlações entre os diversos elementos do cosmos. Por exemplo, uma boa olhada nos livros de Agrippa nos dará uma boa noção das correlações simpáticas entre as coisas do mundo e as forças planetárias, sendo ideal para a preparação de fumos relativos a essas forças (e banhos e tudo mais). No caso das defumações tão famosas em Umbanda, Quimbanda e outras tradições aparentadas, há diversos livros com fórmulas prontas que, quando estudadas, aos poucos revelarão uma tabela simpática digna de um verdadeiro Liber 777. Com isso em mãos, vocês poderão realizar substituições e simplificações.
Receita rápida de defumação
Bem, para encerrarmos com uma coisa mais palpável, vou deixar aqui uma receitinha do nosso amigo Molina de defumação. Sobre os incensos em si, fazê-los também é simples, mas vou deixar essa tarefa para outro colaborador do espelho que é muito versado nessa arte (você mesmo). Primeiro, para defumar uma residência, ele ensina, comece dos fundos e progrida até a porta da casa, sempre fazendo um “X” pelos cômodos, ou seja, passando por eles de forma cruzada. Quando terminar, deixe o defumador do lado direito da porta da casa (cuidado para fazer isso com segurança) até que queime por completo. Jogue as cinzas na rua, para que o ar dê a elas o rumo devido.
Para combater as energias negativas, separe um dia de segunda ou de sexta-feira. Você fará a defumação com arruda, alecrim, guiné, alfazema, almíscar, mirra e olíbano.
É isso. Um defumador custa baratinho e todos esses ingredientes você já compra próprios para defumações em casas de artigos religiosos. Mãos à obra!
Comments