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Foto do escritorEduardo Regis

Eu sou o Diabo!

Andaram falando aí por ai que eu sou Deus. Tudo mentira. E vocês sabem quem é o pai das mentiras (não confundir com o pai dos burros). Falando em pai: o meu não tem nada a ver com isso e não sou o pai do Rock. Nem tenho chifres e rabinho pontudo, mas sou o Diabo, mesmo também não sendo orelhudo.


Meus amigos, ser o Diabo é só diversão. É sorriso na cara, cerveja no copo e a certeza inabalável de que as coisas vão se complicar mais pra frente – mas quem liga? O Diabo não liga para nada disso. Deixa eu contar uma coisinha para vocês: a melhor parte de ser o Diabo é que gente vira o maior mestre Zen das galáxias. O Diabo não sente ansiedade e não se arrepende. Pro Diabo é fazer uma escolha e seguir em frente.


Eu devia lançar um programa de mindfullness infernal. Seja um Endiabrado! Viva o momento! Viva as cagadas! Viva os acertos! Coma mais um pastel! Tome mais um gole de uísque! Afinal, para que serve essa vida se não for para ser vivida? E trabalhar para um patrão explorador não é viver, é sobreviver às duras penas. Melhor queimar no inferno mesmo!


Para ser o Diabo é muito fácil. Eu fiz assim: acordei um dia, levantei-me da cama e mandei tudo para o Diabo (para mim mesmo)! Pronto. Diabo em carne, osso, enxofre, espírito e tudo mais que tem direito. Sou Diabo assumido (nada de ficar no armário) e só não sou mais diabólico pela razão simples de ser gente boa. Confundem as coisas. Diabo não ter que ser mau. Diabo tem que ligar o “foda-se” e virar a 120 na esquina da Augusta com a Ouvidor – e se o sinal estiver vermelho – Ah, é disso que o Diabo gosta.

Não venham me encher, pois não faço pacto. Não dou vida eterna. Não dou homens, mulheres e nem vida de comercial de perfume para ninguém. Quem quiser ser alguém nessa vida que se proclame Diabo também e que saia por aí endiabrando geral. O Inferno é muito grande, cabe muito Diabo nele. Tem espaço. Ninguém vai ficar apertado. Além do mais, de Diabo para Diabos-futuros, digo: tem coisas que só o Diabo entende. É bom ter um Diabo para bater um papo.


Já vi que tem um lendo e se horrorizando. Já tem até outro fazendo sinal da cruz. Gente, vamos nos libertar. Drogas, sexo e mandem nudes sim! Qual o problema? Diabo que é Diabo atenta os outros mesmo (Vai lá e entra naquele site pornô que você gosta e daí? Só não vale importunar os outros, aí não é coisa de Diabo, é coisa de babaca). Se quiser conselhos errados, tenho aos montes: a coleção de todas as merdas que já fiz. Tenho certeza de que serão úteis no seu processo de Diabização.


Agora, se acham que ser o Diabo é fazer qualquer coisa e ficar por isso mesmo, vão aprender na porrada que não é nada disso. Diabo apronta aqui e ali e leva uns tabefes também. O Diabo está nos detalhes (não conheciam essa?). O Diabo está nas escolhas. As consequências, meus Diabitos-wanna be, vocês tem que encarar com todo o fogo infernal da alma profana de vocês. E quanto mais forte for esse fogo, mas diabólicos vocês serão e mais serão os verdadeiros mestres de vocês mesmo. Afinal, Diabo que é Diabo não tem senhores!


Agora, quem quer ser Diabo?


Querem? Maravilha. É simples. Se vocês lerem esse texto até o final não há dúvidas na minha cabeça e não poderá jamais haver qualquer dúvida na cabecinha oca de vocês aí de que a leitura de um ensaio desses é como um ato da própria manifestação da geração de um consenso entre duas pessoas, no caso eu e o leitor, e assim sendo, ao terminar esse texto está implícito e explícito e tácito e entendido e muito bem delineado e com certeza está assinado e carimbado com a fé dos demônios e das legiões diabísticas que eu agora sou o dono inconteste daquela essência indivisível e individual que cada um de vocês carregam aí.


É isso. Nos vemos em breve. Beijos do Diabo (sempre de língua).


Imagem: Mona El Falaky por Pixabay.

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