Vamos falar sobre empatia. O que você compreende ao ler esta palavra? Qual é a primeira imagem que vem a sua cabeça? Pergunte-se, você pratica essa palavra? Consegue lembrar agora mesmo de alguma ação de empatia que realizou nesta semana?
Empatia é uma palavra que vem sendo dita com frequência nos últimos tempos, ainda mais na atual situação de pandemia que vivemos. Mas será que estamos conseguindo praticar empatia em nosso dia a dia?
Empatia quer dizer entender as necessidades do outro, colocar-se no lugar de outra pessoa e conseguir conectar-se a ela, ver o mundo a partir do olhar dela.
Para desenvolver a empatia, precisamos ter a auto-empatia, que é conseguir entender suas próprias necessidades e ter consciência de seus sentimentos. Saber o momento de acolher-se, entendendo quando devemos dar atenção as nossas angústias, medos e frustrações sem nos cobrarmos tanto. Afinal, não temos controle de todas as situações, apenas nos planejamos para que as coisas aconteçam da melhor forma possível. E quando lidamos com pessoas percebemos a dificuldade de nos depararmos com variáveis incertas. Cada um carrega sua história – experiências boas ou ruins – e dentro de mala sua mala de experiências está seu mapa de mundo. Se pudermos observar com atenção, vamos encontrar opiniões diferentes da nossa. Esses momentos podem gerar conflitos ou podem nos ajudar a nos conectar com os outros com muito mais facilidade.
A empatia é uma virtude. Se eu não estou bem comigo mesmo, se eu não consigo me ver sem julgamento, isto é, se eu não possuo auto-empatia, como poderei ver o outro desta mesma maneira, livre de julgamentos? Isto seria muito mais trabalhoso, e pior, você não estaria sendo autêntico. Quer dizer que não podemos julgar? Não, quer dizer que podemos tirar alguns instantes para podermos nos conectar as necessidades do outro. Talvez, algumas vezes, façamos isso apenas com as pessoas que amamos, e tudo bem, já é um grande passo. Porém, outras vezes é mais fácil com as pessoas que não temos tanto contato, e isso é normal.
A empatia passa a existir dentro de mim quando compreendo os meus sentimentos e necessidades. Fazendo isso, eu consigo perceber que o meu mapa de mundo, a minha visão sobre o ambiente que me cerca, não é o mesmo das demais pessoas. As pessoas não são obrigadas a enxergar o mundo da mesma maneira que eu. O que faz parte de mim não faz parte deles, afinal, nós tivemos vivencias e percepções diferentes ao longo de nossas vidas. Ao compreender isso, passamos a não criar expectativas com relação as ações dos outros.
Uma dica para isso é conseguir conversar com o outro mantendo a sua Presença. Ou seja, você deve afastar seus próprios pensamentos, aqueles que o desconectam do diálogo que está sendo mantido. Evite deixar que os turbilhões de imagens, sons e problemas controlem sua mente durante a conversa. Isso pode ser viso de maneira bem clara com um exemplo. Sabe aqueles momentos em que você está escutando – ou deveria estar escutando – alguém, mas você se pega “viajando”? De repente você “volta” para a conversa, percebendo que não estava realmente presente, estava pensando em outras coisas. Então, é nesse momento que você não estava mantendo uma atitude empática. Não conseguimos desligar nossos pensamentos. Mas podemos perceber e identificar se nossos pensamentos são adequados ao momento. E assim escolhemos quais pensamentos farão parte de nossas atitudes e valores em nosso cotidiano.
A empatia é uma escolha a todo momento. Infelizmente não fomos educados a ter um diálogo empático e de conexão, nem com o outro nem com a gente mesmo. Muito pelo contrário, temos uma cultura de violência. Esta hostilidade é expressa em nossas palavras, em nossas ações, e até mesmo em agressão física. Queremos impor nossas verdades, e isso por si mesmo é um ato de violência. Mesmo que duas pessoas vivam situações muito similares, a percepção e os aprendizados são diferentes.
Empatia ocorre quando não esperamos nada das outras pessoas, apenas buscamos entender o mundo a partir do olhar delas. Se todos tivéssemos empatia enraizada em nós, não agiríamos com tanta violência, não veríamos tanta violência ao nosso redor, poderíamos viver mais em paz, conseguiríamos, enfim, conviver com as diferenças sem querer mudá-las.
Foto por Brian Cuttaz
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