É muito comum confundirmos emoções e sentimentos. Perceber, reconhecer e conseguir nomear os sentimentos é fundamental para atendermos as nossas necessidades. Com isso nos mantemos conectados a nós mesmos e com as pessoas, e asseguramos nosso estado de presença permanente. Mas qual a necessidade de identificar e diferenciar emoção de sentimento?
Vamos lá! Imagine que você está andando em uma floresta e do nada aparece um urso. Observemos primeiro o nosso corpo. Podemos entrar em um estado de luta ou fuga, mas também podemos paralisar. Alguns animais fingem-se de mortos para não virarem presa. Nosso corpo tem um sistema de preservação para manter a sobrevivência. Num primeiro momento, o cérebro vai produzir hormônios que nos causarão estresse. Podemos perceber em nosso corpo alguns indicativos disso, como: a respiração acelerada, as pernas ficando bambas devido ao aumento de fluxo sanguíneo, a elevação da pressão arterial e a nossa visão afetada por isso, focamos apenas no perigo.
Tudo bem! Você falou de emoção e sentimento e depois trouxe a história de um urso, onde isso se encaixa? Ao ver o urso o seu corpo começa a ter reações, como eu disse lá em cima. Qual emoção você teve ao ver o urso? Medo, ansiedade? Todas as sensações que eu mencionei – hormônios, fluxo sanguíneo, etc. – que passam pelo seu corpo, são reações corporais às suas emoções. Emoção é algo que você não consegue controlar em meio a um perigo, ou mesmo em um momento que te traga muita alegria.
Agora quando eu pergunto, como você se sentiu ao ver o urso? O que passou no seu coração? Impotência, talvez? A resposta para essa pergunta deve ser um sentimento, não uma emoção. O sentimento é algo permanente é o que mantém vivas as nossas experiências. Sentimento é algo cognitivo, é algo racional. Sentimento é o que nos faz questionar os motivos de termos determinadas emoções.
As emoções dão origem aos sentimentos e os sentimentos dão origem as emoções. Existe uma linha tênue que separa ambos, eles caminham sempre de mãos dadas. Quando sentimos algum cheiro que lembra nossa infância, como um perfume ou o aroma da comida de nossa mãe, avó, ou alguém que tenhamos um grande afeto, percebemos o sentimento de alegria, amor, carinho, aconchego e a partir disso revivemos as emoções em corpo.
E como é bom reviver as boas lembranças! Mas isso ocorre com as experiências negativas também, o que pode causar muito estresse, raiva e medo, que são emoções que ao passar pelo corpo, causam desequilíbrios que afetam a nossa Presença e autenticidade na conexão com nossos sentimentos e necessidades.
Por esse motivo, identificar os próprios sentimentos nos dá a possibilidade de tomar melhores decisões, lidando e acolhendo melhor as emoções, afinal vivemos tanto no polo “positivo” quanto no “negativo”. Tomando consciência dos sentimentos, nos tornamos mais presente, vivendo menos no modo automático.
Uma maneira de conectar-se e perceber os nossos sentimentos é realizar exercícios de respiração. Eles são muito bons para sairmos do piloto automático. Ao respirar, oxigenamos o cérebro, aumentamos o fluxo sanguíneo e assim pensamos de maneira mais clara, não deixando os instintos tomarem conta das nossas ações.
Se possível, procure fazer uma meditação que você goste, a meditação precisa ser algo leve e natural, se você gosta de escrever, dançar, ou simplesmente ficar em silêncio, busque tirar um tempo do seu dia para realizar esse momento de autocuidado. Cuide de suas emoções, higienize o que precisa ser higienizado, sem julgamentos, de maneira independente dos sentimentos que surgirem no processo. Caso sinta raiva, acolha esta emoção e tente entender quais são os sentimentos que estão por traz desta raiva. A raiva em si não é ruim. O problema é deixarmos ela nos dominar a tal ponto que nos machuque e traga dor.
No fim do dia, tente anotar todos os sentimentos que teve. E quando você menos perceber, conseguirá lidar melhor com as emoções e identificar os sentimentos, melhorando consideravelmente sua inteligência emocional.
Lembre-se, tudo é prática!
Créditos da imagem: Pixabay
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