Vivemos conectados com diferentes pessoas através das redes sociais, WhatsApp, Telegram. Estamos tão dependentes dessa conexão artificial que ao percebermos que estamos sem nosso celular já sentimos uma certa ansiedade. Quando o esquecemos em casa parece que não estamos antenados a tudo que acontece no mundo ou nas interações do nosso trabalho ou grupo de pessoas naquele dia.
Não sei se vocês já pararam para observar as famílias, casais, grupo de amigos que, ao sair, permanecem conectados ao celular, ele saem para se divertir e passar um tempo juntos, mas, na verdade, estão ali com o bendito celular, que tira a atenção do que deveria ser importante de fato.
Temos facilidade para ligar para parentes, amigos e pessoas queridas que estão longe. Com a internet, tudo ficou mais fácil, certo? Só que não. Hoje vemos mais claramente nossa dificuldade em conectar-se a outras pessoas. Antes, não tínhamos tanta voz, agora que temos mais liberdade em expressar, temos o nosso “melhor amigo”, o celular e nossas companheiras inseparáveis, as redes sociais.
Podemos conhecer diferentes pessoas do mundo todo! Incrível! Mas será que estamos de fato nos conectando com todas essas pessoas que conhecemos? Sentimos uma grande necessidade de socialização com o mundo, queremos isso a todo momento, alguns mais, outros menos. Porém, o quanto presente estamos para possibilitar que essa conexão aconteça de maneira genuína? Realmente percebemos que precisamos das outras pessoas para nos relacionar de maneira efetiva?
O excesso de informações que estamos imersos dificulta nossa conexão com o outro. Recebemos informações 24 horas por dia, no entanto, o quanto absorvemos de todo o conteúdo que chega até nós? O quanto percebemos do outro, aquele que dizemos estar conectados? O nosso cérebro não para de pensar em nenhum momento, trazendo conceitos aprendidos, lembranças, ideias. Quando nos damos conta estamos pensando em tantas coisas ao mesmo tempo que não conseguimos organizar nossa mente para estarmos presentes de maneira genuína em nossos relacionamentos.
Com tudo isso, ao buscarmos nos conectar com as pessoas, principalmente as que amamos, temos muita dificuldade. São muito comuns conflitos sobre o uso de celular durante uma conversa. Mas nós podemos fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, certo? Será? Será que estamos de fato ouvindo o que o outro tem a nos dizer? Ou será que estamos imersos mentalmente em conflitos incessantes conosco mesmo, nossas vozes de autocobrança, além da cobrança externa (seja do marido, trabalho, filhos, amigos, pais, irmão), sonhos, desejos, afazeres do dia a dia, saúde, medos, entre outros. Todos esses conflitos internos geram a nossa ausência. Ficamos ausentes para com as pessoas, esquecendo do aqui e agora.
Então, para nos conectarmos precisamos estar presentes? Sim, exatamente isso! O que o outro me traz precisa ser visto como importante, eu preciso estar aberto para escutar aquilo que o outro fala. Imagine que você está tentando falar com o seu melhor amigo ou amiga e esta pessoa começa a falar de si mesmo ou mesmo ignora tudo aquilo que você está tentando falar. Ainda que seja um assunto cotidiano, ou mesmo simples para alguns, como um acontecimento do trabalho, pode ser algo muito importante para você em especial, como elogio de seu chefe, por exemplo. Como você se sente nessa situação? Imagino que não gostaria disso, certo? Normalmente não gostamos de ser ignorados. Ficamos chateados, ou simplesmente paramos de falar, iniciamos um processo de distanciamento. Isso desconecta as pessoas.
Não precisamos resolver os problemas do outro, mas simplesmente escutar com todo o coração. Muitas conversas são maravilhosas só pelo fato de realmente sermos ouvidos, só pelo fato doutro nos mostrar que está PRESENTE, que está conectado a você.
Estar presente é perceber seu próprio corpo, seus pés tocando o chão, seu bumbum tocando a cadeira, como está sua coluna, observe a temperatura da sua mão, analise cada detalhe. Depois de perceber seu corpo, se analise internamente. Será que enquanto a pessoa está falando, você está pensando em coisas que não fazem sentido naquele momento? Ou será que você verifica inúmeras soluções para o problema que ela traz, soluções que você deseja realmente trazer para fora, ou mesmo não para de expressar a solução dos problemas? Esse tipo de atitude denota ausência. Procure sempre perceber se está ausente da situação. Mas tente tomar cuidado para não se perder em todo esse processo de autopercepção. O importante é entender que quando você traz sua atenção para seu pé sentindo sua meia, seu calçado, contra o chão, sua atenção retorna para onde você está no momento, assim, te tornando mais presente no diálogo.
Conectar-se vai muito além de estar conversando ou ter vários contatos de diferentes lugares. Conectar-se requer presença, estar aberto para escutar o outro. Quando estamos presentes nós efetivamente damos um presente para o outro. E existe melhor presente do que ser visto, reconhecido e amado?
Imagem: pixabay
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