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Foto do escritorEduardo Regis

Camus, eu não concordo (mas talvez estejamos falando a mesma coisa)

Camus disse: “O Homem é a única criatura que se recusa a ser ela mesma”.


Camus, meu chapa, viajaste. Como você escreveu “O Estrangeiro”, que é bem bacana, te perdôo.


Pela filosofia de Regis, temos que: “O Humano é o único ser que tem de lutar fervorosamente para ser ele mesmo” (REGIS, 2020; manuscrito perdido no mar morto das coisas que escrevi no celular).



Quem sou eu? Quem é você? Sabemos realmente? Vamos pensar no Mowgli. Aquele mesmo, dos filmes e desenhos. Mowgli foi criado entre os animais e quando vislumbrou o humano foi atraído pela necessidade de se encontrar. Ele sabia que havia algo fora do lugar. Mowgli, o menino-lobo, não era lobisomem e nem filho de padre. Ser lobo era o que o Mowgli aprendeu, mas não era realmente toda a sua essência.


Pausa. É. Chegamos na natureza versus criação. Duelo eterno. Não vamos entrar nessa. Não importa pra gente. Mowgli pode ter se tornado um pouco lobo, é verdade, mas só sendo lobo, não podia ser humano. Logo… Ah, vocês entenderam. Aqui no Espelho só tem gente bonita e esperta lendo esses textos. Adiante vamos.


Opa. Chegamos em outra encruzilhada. “Mas, Eduardo, o Mowgli tá lutando pra não ser ele mesmo”. Parece que sim, gafanhoto, mas talvez não seja bem isso. Parece-me que ele tá é indo na direção contrária. Sigamos e vejamos e se não concordamos, pague-me uma cerveja e fica tudo certo.


Eu e você não somos tão diferentes do Mowgli. Não escolhemos em qual ambiente nascemos e em qual somos criados. Também não escolhemos a composição da nossa alma. Nesse não escolhe de lá e não escolhe pra cá, o que a gente sabe ser nosso de verdade? O que a gente assume ser nosso?


Menino, você precisa passar nesse vestibular e ter uma carreira. Olha o partidão que tá te paquerando, garota. Provento garantido. Olha aí, não faz essa coisa de ficar lendo esses livros que o pastor já disse que não é coisa boa. Filho meu não foi criado pra ficar nessa vida não. O trabalho dignifica o Homem.


Júlio sempre quis ser advogado ou Júlio foi ensinado que ser advogado era bacana? Bianca é mesmo sempre alegre ou ela cumpre o que esperam de uma moça educada? Você tá feliz mesmo trabalhando de 8 as 17 ou só pensa que não tem jeito?


É tanto tilt e bug dos millenials e dos trillenials por aí que a conclusão é que tá tudo errado. A gente é tratado como engrenagem. Quem não se ajusta, é descartado. E viva o tarja preta que você toma por culpa sua pra se adequar ao que tem aí no mundo e seja feliz pelo emprego que tem. Ou entra no sistema ou sai de cena (Tenho a impressão de que alguém já escreveu isso antes. Darei créditos aos arquivos Akashicos). Olha, me perdoem pelos exemplos superficiais. Nada melhor que o simples pra ajudar a marcar um ponto de discussão.


E o ponto é: será que boa parte do sofrimento não vem mesmo da ansiedade (Isso eu sei que vem do Budismo, que o corretor quis colocar nudismo. Imagino que um nudista seja tudo, menos ansioso. Você, nudista, deixe seu testemunho nos comentários)? Da ansiedade de ser alguém que não se sente confortável sendo e que não sabe como procurar ser o que realmente é?


Em suma: amigona/amigão, isso aí é você mesmo ou você tá só cumprindo um papel?

Irmão, é preciso coragem (como diz a música). Não é fácil meter a mão no liquidificador com as pás girando. There Will be blood. No pain no gain. Lets do the time warp again (só pra rimar).


Não tem outro jeito, pra controlar esse furacão tem que se jogar no olho dele, fincar os pés e encarar. Passarão telhados e vacas voadoras, é verdade. Vez ou outra um pneu de caminhão vem direto na cara. Nocaute. Nem Pitanguy e nem Freud resolvem. Ser adulto tem dessas coisas.


Porém, aqui e ali, um pedaço nosso aparecerá. O segredo é agarrar. Olhou e não entendeu? Guarda. Logo vem outro. Vai juntando. Como o season finale de uma série boa, isso acaba em alguma revelação importante (esperamos).


Spoiler alert: a revelação pode desagradar. Segura a onda. Estufa o peito e segue. Vem outra. Somos fontes inesgotáveis disso. Uma hora vem uma boa.


Quem não tá preparado pra saber que, na real, também é um pouco de coisa ruim, não vai conseguir parar de se debater e nunca vai sair da rede na qual nos lançaram ao nascer. São muitos obstáculos. É difícil. É dolorido. Porém, gente, temos que começar essa empreitada. Vamos encarar essa guerra aí. No fim, ah, quem eu quero enganar…Provavelmente não vai ter fim. Mas e daí? Seu objetivo é viver melhor ou zerar o jogo? Esse jogo aqui ninguém platina. 100% de troféus ninguém nunca fez. Para logo com essa ideia.


A diferença é que ao contrário da agonia de lutar contra aquilo que não somos, lutar pelo que somos (são coisas diferentes) vai ficando cada vez mais fácil. Talvez chegue uma hora que até pare de ser uma luta, pensando bem, e se torne mais um exercício.


Quem sou eu? Quem é você? Quem somos nós? As árvores somos nozes?


“Só sei que nada sei” (Sócrates, na Ágora, provavelmente, e certamente, antes de Cristo e de INRI Cristo).

Imagem: pixabay


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