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Dama Fortuna: Sorte |
A Dama Sorte nos encontra quando entramos no reino das
possibilidades infinitas. Eu chamo isso de “reino” porque esta é outra dimensão
que se abre através de um determinado estado de espírito.
Existem várias atitudes e comportamentos nossos que
consideramos normais e muito humanos, isso porque vemos os nossos pares fazendo
ou pensando o mesmo. Repetimos estes padrões, um a um, sem notar, até mesmo sem
questionarmos internamente. A minha intenção é trazer estes comportamentos e
atitudes à reflexão, de um ponto de vista espiritual o mais universalista possível
e de pura observação energética. Esta será uma jornada que faremos através de
artigos, pois este tema, como você pode bem imaginar, é bem extenso.
Um dos pontos que gostaria de trazer hoje é o da Inveja.
Você agora está pensando “Mas eu não sou uma pessoa invejosa
e então este não é meu problema”.
Ok. Então você pode saltar para o próximo
artigo que pretendo escrever mais adiante. Ou... pode dar uma espiadinha
neste artigo para descobrir onde a inveja realmente mora, em que sombras ela
deita e rola, e como também a inveja alheia pode afetar sua vida. Captei sua
atenção agora?
Existem aqueles casos de inveja que são muito claros,
precisos e diretos na forma, explícitos nas palavras e comportamentos, como nas
comparações onde um se julga superior ao outro, e se faz questão de rebaixar
seu oponente abertamente, deixando bem claro o incômodo, a indignação, e a
necessidade de competição com aquele que intimamente se sabe ser mais bem
sucedido.
Existem outros casos onde a inveja é tão insidiosa que quase
nem percebemos, ou que percebemos e rapidamente a colocamos na categoria de “inveja
branca”. Mas inveja é inveja. E só existe uma cor para ela, negra, porque ela é
uma sombra feia que não deveríamos deixar se esconder numa convenção social para
acomodá-la muito confortavelmente.
A inveja também nasce da hipocrisia. Podemos perceber a
inveja brotar quase que imediatamente quando notamos o quão rapidamente
julgamos [mal, lógico] os ricos, famosos e poderosos. Existe um prazer quase que
sádico em falar mal dos ricos e famosos, como se nunca desejássemos ter uma
vida de riquezas, excelente reputação, de fama e poder. Olhamos para o nosso
país e enxergamos poucas possibilidades para que possamos alcançar riqueza,
fama ou poder sem nos sujarmos no que julgamos como incorreções morais. Mas
frequentemente falhamos em ver que teve muita gente que teve simplesmente a
desejada sorte: estava no lugar certo, no momento certo e teve visão do reino
das possibilidades infinitas e dali, agarrou a oportunidade com unhas e dentes.
Azar o seu que fica de “mimimi”. Lide com isso!
Nutrimos ressentimentos com os sortudos e muito
frequentemente ficamos indignados com o sucesso aparentemente “desmerecido”. O
colega que te superou na promoção de cargo apesar de ser mais novo ou menos
preparado que você, o vizinho que você mais antipatiza que ganhou na loteria, o
ex-marido que encontrou o amor antes de você. Inveja. E você pode identificar
esse sentimento notando a sua incapacidade de ficar feliz com o sucesso destas
pessoas.
Existe um ponto de equilíbrio onde a inveja alheia se
transforma em uma “esquina de sorte”. Primeiro, evitando-se provocar a inveja
ao se gabar frequentemente. Segundo, dissipando as sombras da inveja dentro de
você mesmo. Parece loucura, mas quanto mais a pessoa é invejada sem provocar, mais
ela pode ver as oportunidades se multiplicando na vida dela. Isso se ela não
estiver abrigando dentro dela mesma alguma coisa que crie sintonia à inveja
alheia. Se tiver, ela sofrerá o impacto da inveja alheia. Se não tiver, suas
mãos estarão tocando ouro.
A primeira parte deste ponto de equilíbrio parece fácil, mas
demanda cuidado. Especialmente nesta era de “gente fina, elegante e sincera”
nas mídias sociais, onde o mundo é perfeito e todo mundo é bonzinho e bem de
vida. Todo mundo “chic”, só na "ostentação"...
A segunda parte deste segredo é uma tarefa bem árdua por que:
A) Somos criados para acreditar que o mundo é
movido pela meritocracia, com incentivos aos pensamentos de que “se eu for bom e
esforçado eu serei recompensado”, “só quem dá duro tem direito a repouso e
diversão”, “Deus ajuda quem cedo madruga”, entre outros pensamentos que sempre
demandam que a vida seja um eterno sacrifício. Quando alguém sai fora deste
esquema mental “infalível”, tendemos a nos ressentir, achamos que está tudo
errado... e ao mesmo tempo, lá no fundo, desejamos que a vida da gente fosse
assim, prazerosa, confortável e de sorte infinita.
B) “Macaco vê banana, macaco quer banana.” Você vê
aquela casa magnífica da sua prima, aquele carro super-potente do seu amigo, e você imediatamente “quer”.
Primeiro chega o “querer” para depois chegar uma das duas opções: uma congratulação
vinda do fundo do coração ou uma “inveja branca”, o tal sentimento de inveja
revestido com uma congratulação forçada, um sorriso forçado e a declaração de “ah
amiga, é só invejinha”. Demanda certo esforço e autodisciplina a reorientação da
forma de pensar, para que você se torne genuinamente feliz pelo sucesso alheio
e para definir o que você quer para você, não usando os outros como parâmetro,
mas como você consegue visualizar como uma vida plena e feliz. Pare para
pensar: Nunca é “aquele” carro específico, nem “aquela” mesma casa. Existe uma
diferença entre “desejar” algo assim para você ou “desejar” exatamente aquilo
para você. Você tem um sonho só seu. Acredite nele para que ele acredite em
você.
Minha sugestão para o re-treino destas atitudes é tomar
notas diariamente e a todo o momento das situações onde ocorreu um pensamento
negativo (ou palavra, ou ainda ação negativa), e avaliar cada uma delas até
chegar aos motivadores reais. Conhecer-se é o primeiro passo do poder de mudar
sua vida. Foi inveja? Reflita e tente fazer melhor da próxima vez. Este é o
primeiro passo ao reino onde tudo é possível.
Em Roma, o senso de Invidia era personificado como uma
deusa, e acredite nela ou não, ela pode ser tão poderosa ao ponto de bloquear o
caminho ao reino das possibilidades infinitas e assim, à Dama Sorte. Pense
nisso.
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